Amor verdadeiro

Uma amiga mexeu comigo, hoje, falando que amor verdadeiro pode morrer, sim. E que a falta de respeito é a grande vilã. Produziu um silêncio interno muito grande e eu fiquei longo tempo pensando nisto. Tomada por esta coisa terrível que dever ser a morte do amor. E as experiências pessoais foram se apresentando, claras e fortes. Querendo falar sobre isto.
De fato, a gente cultiva muita, muita  ideia, muita fantasia, muito sonho, sobre o amor. E ele é aprendizado, além de outras coisas. Também concordo que a falta de respeito é o “tiro certeiro”, de “misericórdia”, o “corte na raiz”,  nas relações, para “acabar” com o amor ou, para fragilizá-lo tanto, que ele se esconde, se protege nas profundezas do nosso interior, aparentando, muitas vezes, estar morto. Mas eu aprendo, cada dia de minha existência, que o amor não acaba. Ele se transforma, dentro da gente. O amor em essência, é vida! E ele quer viver! O amor em mim quer viver! Teima em renascer das cinzas, feito a Fênix e, se uma porta, um caminho se fecha, ele encontra outro. E se transforma em admiração, compaixão, em respeito pela singularidade do outro (por isto tem força para se afastar e deixar de amar do jeito que amava antes), em carinho, em cuidado, em silêncio, paciência; em trabalho, criatividade, doação, em amizade; num importar-se e querer bem ao outro, mesmo distante ou ausente. No meu pensar e sentir, o amor verdadeiro não morre; sempre fica um laço, uma saudade, uma marca, uma palavra, uma presença, uma lembrança que o legitima e redime. E isto já é sinal da regeneração do amor sofrido, rejeitado, mal cuidado, que vai se transformando, vestindo uma outra roupagem.  Se assim não fosse para mim, eu não sobreviveria; não estaria aqui... por causa da desilusão, da solidão, da frustração, da morte de tantos e tantos sonhos... Pensar na morte definitiva do amor profundo que eu senti por alguém ou por algo (por vezes uma causa, um ideal)  é insuportável. É por isto que tudo que eu já amei, nesta vida, está aqui, bem guardado, comigo. Nem sempre no mesmo lugar, mas comigo.
Se não for por amor, não vale a pena. O que daria sentido ao sol que nasce todos os dias, aos cometas que riscam o céu, aos arco-íris fazendo pontes;  à música e à poesia; à beleza singular de cada criatura; à palavra, ao silêncio, ao abraço... e a cada traço do meu rosto, do teu riso e de todos os passos, dados e marcados neste círculo sem fim de encontros desencontrados? 

 

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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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