Luano, o sabiá bebê



A história
(Maria Margot, 3 anos)

“Quando o Luano machucou a asa, a vovó salvou ele. Ela pegou o passarinho e levou o passarinho pra casa dela. Ela fez um “reikinho” nele e eles viveram felizes para sempre”!



A “versão estendida”
(vovó Maisa) 
            Lavava a calçada e, de repente,  ouvi o canto de um sabiá, muito próximo... Eu trabalhava e ele cantava. Era uma deliciosa parceria e não pude deixar de lembrar da famosa fábula e dos dias ensolarados de interação entre a cigarra e a formiga... Fiquei um longo tempo pensado naquela e nesta simbologia do momento; até que não resisti e procurei por ele. Não estava no telhado ou em cima de uma das árvores, como eu pensara no início. Estava dentro da sala e voava de um lado para o outro, como se procurasse uma saída. Não sabendo o que fazer, abri bem as janelas e a porta para facilitar seu encontro com a liberdade e fui concluir meu trabalho. Quando voltei, ele ainda se debatia. Então fiquei aflita e senti-me convocada a ajudar.
            Fiquei acompanhando seus movimentos de lá para cá até que, parecendo cansado, pousou em cima de uma mesa. Tive uma ideia!  Rapidamente joguei um paninho bem leve, feito rede, em cima dele; que ficou bem quietinho. Assim, pude pegá-lo. Coloquei-o em cima do peitoril da janela, estimulando o voo. E ele foi... mas não para o alto; foi para o chão! Para a morte! Sim, porque simplesmente “do nada”, surgiu um gato preto e o abocanhou; fitando-me, ao mesmo tempo com olhos desafiadores e vitoriosos.
            Entrei em pânico e gritei! O gato, surpreendentemente, assustou-se e largou a presa. Então, sem parar de gritar, corri estabanadamente,  de lá para cá, até conseguir sair do labirinto em que se transformara o longo corredor que me separava do quintal. Encontrei o sabiá imóvel, com os olhinhos abertos. Vivo! Quando andou, tive a impressão de que estava com algum problema ou dor em uma das asas; mas não tive certeza. Levei-o para dentro. Fechei todas as aberturas. O gato é ágil, silencioso, inteligente; ele ia voltar... já sentira o cheiro e o sabor da vítima. Acreditei que fosse mais possessivo do que medroso. Mas não voltou. Subestimei o gato; ele não era medroso;  era astuto e excelente jogador: sabia reconhecer o momento de recuar. Então eu acarinhei o sabiá e passei reiki por um bom tempo, desejando ardentemente que sobrevivesse; por ele e por mim, que sentia o peso enorme da culpa por ter interferido e o ofertado, sem querer, ao gato.
            Assim que, por dois dias, cuidamos do sabiá; oferecendo água, minhoquinhas e reiki, com muito zelo. Observando melhor, percebemos que era um filhote! Nossa netinha também envolveu-se nos cuidados e até batizou o sabiá: "é Luano, vovó"!!! Ele foi muito paparicado:  fotografado e até  ganhou um “retrato”, desenho da Maria Margot!
            Hoje, de manhãzinha, depois do “trato” e de um treino, ele voou.
            Vida longa, Luano!!!



 

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