Ano Novo

Muita luz e muito brilho
brindes, gritos, palmas,
risos, abraços, música
e alguns exageros.
Eu vi.
Tentei mergulhar
no frenesi esperançoso
e quis acreditar
nas promessas e
na magia dos belos
desenhos de luzes
que se revezavam no céu.
Mas não deu.
Eu vi as máscaras.
Vi o real,
apesar do barulho e
das maquiagens.
Os olhos viam “beleza”
mas o coração sangrava.
Senti as ausências
lamentei desencontros
morri diante da impotência.
Eu quis silêncio!
Desejei ardentemente quietude
e pouca coisa.
Bem pouca. Silêncio.
Meus ouvidos então gritaram seu cansaço!
Meus olhos, o fastio da mesmice.
Minha fala, a ausência de palavras.
Meu corpo, o desrespeito aos meus limites.
Meu coração, o peso da repetição inútil.
Minha alma, a saudade de mim!
Desejei mais ardentemente o silêncio,
mergulhar  fundo e mais fundo
nesta morte benfazeja.
E fiquei no fim.
Estou no fim
escutando o vazio dos meus buracos.
Aquietada, dentro.
Cumprindo, ainda, fora.
Mas pouco. Não quero mais.
Mergulhada neste nada
sinto que algo se move
lentamente, sem pressa.
Intuitivamente sei o que é.
É minha fênix reagindo!
Essa força de amor
que não me abandona
porque é real.
É de amor que são feitas
as minhas entranhas
por isto, renasço!


 

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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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