"A vida não desanima"



“Doce é sentir
em meu coração,
humildemente,
vai nascendo o amor!
Doce é saber,
não estou sozinho,
sou uma parte,
de uma imensa vida...
O  céu nos deste,
e as estrelas claras;
nosso irmão Sol,
com nossa irmã Lua;
nossa mãe Terra,
com Frutos, Campos, Flores;
o Fogo e o Vento,
o Ar e a Água pura;
fonte de vida
de toda criatura”...

        O poema é lindo! Desde que o ouvi, pela primeira vez; num filme: “Irmão Sol, irmã Lua”, lá na adolescência, nunca mais esqueci. Amo! Tocou e inquietou meu olhar e meu coração para sempre.
        Amar implica ser humilde. Sendo arrogantes, sabichões, egoístas e preconceituosos, nunca entenderemos, nem aprenderemos, nem viveremos. As guerras, a violência em todas as suas manifestações, o feminicídio, o genocídio, a homofobia, a hipocrisia, a miséria, a injustiça, a dor e a exclusão do diferente... bem o demonstram.
        Amar implica ser humilde para VER, SENTIR, RECONHECER o outro, seu valor. Um duro e, ao mesmo tempo, doce aprendizado. De um ângulo, considero que estamos muito longe disto. Mas de outro, quando observo nossas crianças, muitos jovens, adultos e belas semeaduras: aqui, ali, no mundo inteiro e, vejo brilho e encanto em muitos e tantos olhos; me reanimo!
       Vibrei e fortaleci com as palavras simples e sábias de um pescador aqui, de nossa região, que esteve na escola, semana passada, conversando com uma turma de alunos: “a vida não pode desanimar”!
        Gosto de imaginar e perceber a vida como sendo um aprendizado num acolhedor “Quintal”; onde uns jogam bola, outros sobem em árvores! Uns deslizam pela rampa; outros pelo escorregador e outros balançam! Uns leem nos cantinhos, outros escrevem, contam histórias, ensinam e calculam! Uns desenham; outros constroem casas, castelos, ruas! Uns observam, investigam, fazem misturas para ver o que acontece! Uns brigam e outros ajudam a atualizar e reconciliar! Uns caem, outros se machucam e outros, ainda, dedicam-se a cuidar. Um cantam, dançam, pulam; outros dormem ou assistem! Uns dirigem carinhos; outros, cadeiras e outros, ainda, uma caixinha, uma bicicleta, um avião ou um sonho, uma imaginação! Uns se rebelam, questionam, transgridem e aprendem, no seu tempo, sobre causas e consequências; sobre pedir desculpas, desculpar; sobre desafiar-se e tentar; modificar! Uns sentem medo, paralisam, ficam doentes e sofrem; alguns confortam, colocam-se no lugar do outro e animam, tratam, curam. E alguns, simplesmente contemplam as nuvens a sonhar e poetar! Todos deparam-se com limites, regras, leis, diferenças e aprendem, no seu tempo e ritmo, a respeitar, perseverar, transformar, superar!
        Gosto de imaginar a vida como este luminoso e acolhedor “Quintal”; onde cada um é como é; como se esforça e consegue ser. Onde há escuta, alegria, ombro e colo. Liberdade para ir e vir; chorar e rir; ficar em silêncio ou tagarelar. Quietude, espaço e vez.
        Gosto de imaginar a vida, esta que “não desanima”, como sendo este “Quintal” de labuta; de movimento, experimentação, reflexão e criação; sob o olhar amoroso, protetor e justo da mãe Terra, do irmão Sol, da irmã Lua, das irmãs Estrelas e dos irmãos Elementos: nossas fontes de vida!
        Gosto de sentir que, assim, gradativa e humildemente, vai crescendo amor, em mim; em ti e em quem desejar!



 

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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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