06 - GATÍSSIMOS

         Um dia, estendendo roupa na lavanderia, escutei uns ruídos que vinham lá de baixo, do outro lado da cerca, de dentro do mato cheio de palmitos do vizinho. Olhei bem e vi uma gata se retorcendo e, um pouco mais longe, três gatinhos, pequenininhos! Chamei todo mundo, descemos e nos ocupamos dos pequeninos e quando fomos atrás da mãe, ela havia se jogado num riachinho e estava morta. Achamos que ela fora envenenada... Assim foi que o “sr Bóris Garcia, a srta Chanson Bege e srta Roxo Charruel” entraram para a nossa família. Não tínhamos experiência e fomos, aos poucos, aprendendo a cuidar deles; curtindo imensamente acompanhar seu crescimento. Quando ficou jovem, o Sr Bóris Garcia saiu para namorar. Era lindo, charmoso, altivo! Acho que fez o maior sucesso entre as gatas da vizinhança! Voltava para casa sempre de manhãzinha, faceiro e sonolento. Uma manhã não voltou e o encontramos morto, no asfalto em frente de casa. Chanson e Roxo ficaram por alguns dias bastante ariscas, inquietas. Roxo era mais selvagem, magra e um pouco desengonçada; evitava os chamegos. Chanson era meiga, dócil, adorava carinhos; era parecida com o Sr Bóris e tornou-se uma bela gata. Foi a primeira a namorar e ficar “grávida”. Viajamos e quando voltamos, percebemos que tinha dado à luz, mas não havia sinal de gatinho nenhum. O que aconteceu ainda hoje é um mistério... Ficou “prenhe” novamente e desta vez, encontramos apenas um gatinho, que parecia mal formado. Meu filho cuidou dele durante um mês inteirinho, com esmero, mas o pequenino não sobreviveu. Então, Roxo desabrochou, ficou "grávida" e a maternidade lhe acrescentou beleza e certa doçura. Nasceram cinco filhotes, lindos! Pudemos observar com enlevo cotidiano os cuidados dela para com eles; como amamentava com paciência e como os levava para passear, chamando-os para conhecer e desbravar caminhos; subir nos troncos das árvores.. e como ficava aflita quando um desaparecia de suas vistas, chamando-o veementemente! E como lambia a cada um com extremado capricho e afeto... Tivemos, com dor, que doar quatro e ficamos apenas com o Preto. Roxo “miou” muitos dias e noites, chamando por eles e isto foi desolador. Para evitar a repetição desta história, resolvemos castrar as duas gatas, que depois disto, ficaram mais caseiras e bonitas. Um dia, alguém abandonou um filhote cinza em frente de casa e ele entrou; nos apaixonamos por ele e o adotamos: nós, Chanson, Roxo e o Preto. E o chamamos de Sigfried, Sig. Temos aprendido tanto com eles, observando-os! A inclusão do Sig, na família gatíssima foi perfeita! Ele foi até amamentado e isto foi incrível, porque as gatas estavam castradas. Os quatro se amam e passam o dia cuidando um do outro, partilhando espaço; brincando, se exercitando, rolando pela grama, correndo atrás das borboletas, dos sapinhos e lagartixas. E comem e dormem e nos observam também. E se embelezam, evoluem, com certeza; pois o afeto que eles expressam é fora do comum, nos emociona e inspira! As patas dianteiras são como braços carinhosos com os quais eles se abraçam, se confortam e se ajudam; sem reservas, senões e porquês, numa entrega, um pro outro, incondicional. Quando querem ficar sozinhos, se afastam e se exercitam na liberdade de escolha. Na noite de Natal, ficaram surpresos com a movimentação diferente na casa, especialmente com a luzes; acompanhando tudo com atenção, nos interrogando com o olhar; mas discretos, mantendo-se no seu campo de ação. Sempre ouvi dizer que os gatos são traiçoeiros, arrogantes. Isto não se aplica, de jeito nenhum, aos nossos gatíssimos, que são, muito “gente fina” e então preciso concordar com um amigo querido que sempre fala que por vezes, os animais são melhores parceiros do que muitos “humanos”.


 

1 comentários:

Eliciane disse...

LINDO TEXTO MAISA! SEMPRE PENSEI ASSIM: QUEM GOSTA DE ANIMAIS, CRIANÇAS E NATUREZA ESTÁ NO CAMINHO DO BEM. DESCONFIO DAS PESSOAS QUE NÃO GOSTAM! UM GRANDE ABRAÇO, PAZ E LUZ!


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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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