Professor

         No início do ano tive a grata surpresa de encontrar  no blog e depois, no facebook, o meu professor de Literatura, lá do tempo da Faculdade de Letras, nos idos de 77, 78 e 79, no RS. Hoje, um escritor reconhecido e Pró-reitor de Cultura e Extensão numa importante universidade do país. Bonito ver e ter um professor que gosta de ser professor! Eu o julgava muito inteligente, desafiador e corajoso. E ele é. Já era um escritor na época e eu tinha orgulho de ser aluna dele. Suas aulas eram interessantíssimas; eu adorava! Adorava porque a matéria era apaixonante e porque ele cativava com sua fala expressiva, irreverente, singular; misturando humor, ironia, deboche, críticas vorazes e um vocabulário curioso! Usando, com maestria, tanto palavras comuns, quanto belas construções poéticas! Eu trabalhava de dia, estudava à noite; mas não sentia cansaço algum. Era um prazer ouvir. E a paixão que eu via nos olhos e na fala do professor pelas letras, palavras e escritos alimentou a paixão que eu já tinha pela leitura e pela escrita.  Eu tive professores muito bons! Agradeço. Homens e mulheres. E gosto tanto do meu ofício! Bastante, com certeza, por causa de cada um deles e também deste professor, que acompanho de longe. Hoje, no final da tarde, em reunião com meus alunos do 3º ano, atualizando a semana, o vivido no cotidiano; um deles falou  e depois todos foram dando exemplos, concordando e complementando, que “a gente gosta que depois que você dá bronca por algo que aconteceu e não foi legal, na turma, pede desculpas aqueles que não mereciam ouvir”.  Este foi um elogio que eu nunca tinha recebido nestes meus trinta e poucos anos de trabalho. E recebi muitos e adoráveis elogios, assim como críticas ásperas e duras! Tudo aproveitei (ainda bem!), amadureci e acredito que tenha me tornado um ser humano melhor do que teria sido se tivesse me envaidecido, ignorado ou escolhido outro ofício.  Na idade e na fase em que me encontro, nenhum elogio poderia ser mais bonito e mais significativo do que este, nesta véspera do Dia do Professor: ser uma professora respeitosa aos olhos dos meus alunos! O bonito nisto é que embora eu tenha recebido educação para respeitar o outro, foi  e é a lidança com os alunos (e filhos, claro!) que me oportuniza o aprendizado de fato e concreto. É com eles que aprendo (todos os dias) a conviver, aceitar, admirar e respeitar a diferença (não sem dificuldades, mas com desejo e abertura); as singularidades dos ritmos, das formas, dos jeitos, das falas, das respostas, da interpretação, elaboração e compreensão dos fatos; da expressão do pensamento e dos sentimentos. Neste exato momento avalio, com o coração tranqüilo, que dou tudo que tenho e posso dentro dos meus limites e possibilidades; mas que, com certeza, eu recebi e recebo muito, muito mais do que dou partilhando a vida com cada um e sou profundamente grata por este privilégio.

 

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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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