Expectativa


Uma coisa deliciosa é a expectativa diante de algo que a gente espera com ardor, desejo intenso! O pequeno Príncipe falou com propriedade disto: “se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz”... Como será, o que acontecerá, o que haverá? Muitos até dizem que esta parte é o melhor da festa: a preparação, o “antes”. Depois de mais de trinta anos, ainda a expectativa para saber o que me caberá, neste ano, na escola! Com que turmas irei trabalhar... e o quê?  Depois que isto se define, continua a sequência de deleites! Como voltarão os alunos depois das férias? Alguém saiu, alguém chegou? O sossego se vai... emoção e razão vão se alternando num fervilhar de ideias... até que planos, projetos, metas, propostas começam a ocupar espaço nas folhas e uma doce quietude vai se instaurando... Mas a gente sabe que é por pouco tempo; que tudo isto que vai sendo organizado, logo estará sendo revisto, transformado, ampliado, enriquecido... num processo vivo, dinâmico e encantador! Jamais isento de tensão, inquietudes e grandes desafios. Cheio de incógnitas e muita, muita expectativa! Um desconhecido dentro do conhecido a todo momento! Caminhos e horizontes abrindo-se aqui e ali, a cada encontro, cada questionamento, cada sugestão, hipótese, possibilidade; a cada “puxada de tapete”, conflito, obstáculo; cada partilha, (re)descoberta, construção... Cada texto um pretexto para criar outro contexto;  que por sua vez produz novo texto, que serve de novo pretexto.... e assim sucessivamente... num turbilhão sem fim, envolvente, atraente e extremamente exigente. Difícil não ter expectativa, na vida, no cotidiano. Difícil não esperar, não imaginar, não desejar, mesmo quando se procura viver o momento! Não sentir o “friozinho na barriga”, coração palpitar... na iminência de um acontecimento especial! Sensação maravilhosa esta: de se estar vivo! ... “Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento nunca saberei a hora de preparar o coração”... Mesmo que seja uma expectativa despretenciosa, leve, que se conserva e alimenta com amor, somente para manter, no mais íntimo do íntimo, no âmago, na essência, um sopro, um alento, uma chama que valida e valora a vida como ela é... e, bem mais no fundo ainda, como poderia ser! De repente, nada mais do que nossa vocação para o novo, o movimento, um pouco mais além...

 

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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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