Releitura: O bom samaritano


O dia que nasce sempre traz novidades! Às vezes gritantes, às vezes silenciosas e sutis. As tragédias, obviamente, paralisam e nos põem pensar. As pequenas delicadezas, gestos inusitados, atitudes espontâneas e generosas também nos deixam sem fala. Também nos põem pensar. Por estes dias, encontrei com uma destas: 
Há uma mulher, uma destas “extraordinárias” anônimas que, costumeiramente, às tardes, vai ao hospital; mais especificamente à ala pediátrica, levar fraldas que arrecadou, em campanhas ininterruptas, para as crianças desprivilegiadas. Mas não só levar. Ela troca fraldas,  cuida, brinca, conversa, escuta! E não só as crianças. As mães também! E não só escuta! Se disponibiliza para que uma e outra descanse um pouco; tome um banho; vá para casa ver os outros filhos; organizar a vida...
É  pouco? Insignificante?
Talvez para alguns. Mas não para quem sabe (ou consegue se colocar no lugar) como é intenso e exigente estar num hospital com um filho pequeno doente; ainda mais se não se dispõe de alguém para ajudar, revezar e nem sustentar.
Quando a violência, a injustiça, o desrespeito arrebentam, corrompem, dividem, excluem, silenciam, amedrontam, discriminam e envenenam;  ela, com seu trabalho perseverante, generoso e otimista,  curativa, acarinha, ouve, dá voz, encaminha, encoraja, semeia esperança.
“Dar a si” e não somente “de si” é de uma delicadeza, de uma sensibilidade ética que chega doer!
Este “tipo de gente extraordinária”, os “bons samaritanos”, veem o outro além das aparências, das diferenças e rivalidades. E nos recordam nossa humanidade latente e grandiosa de ser... bastante esquecida e "desnaturada" no vaivém dos dias; na alienação das horas, no embrutecimento das relações e no crescimento do medo.


 

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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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