Por que eles são feridos?

Eu falava sobre Gandhi, apaixonada que sou pela “ahimsa”. De repente, um aluno perguntou:
- “Maisa, por que sempre matam ou ferem estas pessoas que fazem o bem; que são da paz?”
O silêncio foi intenso. Muitas respostas, imediatamente, vieram à mente; assim como um grande pesar. Mas deixei o meu silêncio ocupar espaço. Deixei as impressões de cada um ocupar espaço.
Eu queria encantar e fortalecer meus alunos em relação à paz, à convivência fraterna; apresentando a eles, algumas destas figuras  maravilhosas que têm acompanhado o percurso da humanidade adormecida, com sua presença, sua palavra e sua atitude generosa, pacífica e perseverante. Queria apresentar modelos de gente de carne e osso, gente como a gente; vivendo não apenas sua vida, mas implicados, de fato, com o coletivo, o outro... para que, depois, com seu olhar e sensibilidade, cada um deles pudesse descobrir e valorar, no seu cotidiano, aqueles tantos que trabalham no anonimato, persistentes e generosos, para o bem estar de familiares, amigos, comunidade... Mostrar que o mundo é feito de gente boa! Que os egoístas e perversos ainda são exceção. Queria contribuir com a onda colorida, de emoção, beleza e esperança paralela a esta de desesperança,  banalização e menos valia de valores e atitudes generosas, que se instaura, silenciosa e decidida por entre os rumores dos escândalos, delações, violência e injustiças crescentes. Isto num mundo, num século cheio de tecnologias, conhecimento e facilidades; onde a vida e a convivência, tornando-se mais prática e cômoda, naturalmente deveria estar melhor, avançada. Mas não.
Indubitavelmente, o momento é de limpeza. E limpeza se faz assim: tirando tudo para fora, arejando; selecionando aquilo que ainda serve, está bom; ainda tem valor, pode ser reaproveitado. Livrar-se dos supérfluos; do que não serve mais e deixar espaço para o novo. O que não dá para esquecer, mesmo e de fato, é de olhar bem;  reservar o que está bom;  o que está ainda de acordo com nossa medida e é de uso indispensável; para que não seja descartado junto com o lixo. Que não façamos trocas equivocadas!
E é na limpeza que os justos e bons são eliminados, feridos. O fanático, o desesperado, o fascinado, o arrogante, o que não se reconhece e por isto nada lhe basta; este mata, fere, deixa-se corromper.
O justo, o bom, perturba. Exatamente porque ele se basta. Ele encontrou algo. O seu ideal, sua fé, seu horizonte, seu sonho, sua ética, lhe basta e é muito maior do que seu pequeno mundinho. Vê o que nosso olhar perturbado ou cheio de ilusão, não alcança. E ele olha, ele fala; ele está impregnado disto que mais dói dentro da maioria de nós; que é simples e essencial: sentido de viver. Aviva  nossos brios e eleva os sentimentos e pensamentos. Por isto, os justos morrem. Mas nunca morrem! 
É isto, queridos da profe! Agora, continuemos pensando e, sem esquecer: sentindo! Outro dia retomamos o assunto ...




 

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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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