153 - Eleições

         Idéias românticas me acompanham. Se eu “educo” pessoas, preciso acreditar num futuro, ter esperança de que aquilo que não é bom, saudável, adequado, injusto, na sociedade, um dia possa melhorar, aperfeiçoar, transformar. Para isto trabalho. Ontem pela manhã, quando um professor entrou em sala de aula, para fazer o seu trabalho; uma criança falou: - “Ai! Que chato!” – e o professor abriu um sorriso largo e falou para mim: - “Que bom que não sou unanimidade; já disseram que unanimidade é burrice...”. E rimos os dois! Riso gostoso! De alívio! Que bom não ser unanimidade! Também. Gosto de política; gosto de rever, relembrar a história, com meus alunos. Recordar conquistas de homens e mulheres que nos antecederam; fatos que em muitas situações foram causa de perseguição, prisão, muita dor para uns e, que hoje são direitos que todos nós temos, gozamos e nem sempre valoramos; até banalizamos, ignorantes. O amor, orgulho e respeito pela Pátria, nasce com a gente ou se constrói “de pequenino”; junto com valores que depois vão nortear a vida, as escolhas, os caminhos. Acredito na capacidade de escolha e discernimento dos sujeitos e nisto eu invisto, nisto eu trabalho com as crianças. O que é o mais difícil! Ensinar ler, escrever e calcular é muito fácil se comparar por aí. Temos o tempo todo alguém, em algum lugar dizendo o que é certo, o melhor, o mais gostoso, mais bonito e, dentro disto, o que devemos escolher, usar, comprar, ler, cantar, querer e amar, até!!! Fico envergonhada diante dos alunos, quando me deparo com esta realidade feia, onde políticos, que deviam ter postura ética; discutir, apresentar propostas visando, de fato, a coletividade; estão dando voltas num emaranhado sem fim de acusações, justificativas, mentiras, fofocas, promessas demagogas. As crianças reproduzem a fala, as atitudes dos adultos e diante do processo eleitoral organizado e oportunizado na escola (apresentação dos candidatos, passeata, liberdade para falar, apresentar propostas, distribuir “santinhos” referentes ao seu candidato, confecção de título de eleitor, votação, etc), dizem: - “ah, professora, vou votar em branco...”; “como é que se anula voto?...”; não vou votar não... porque estes candidatos não prestam, político só rouba...”. Eles são crianças! Como podem estar desencantados assim? Não há romantismo, idealismo que agüente, se sustente! Por outro lado, a vida ensina a gente sobre a necessidade de receber e de dar “uma chance”. Então vamos lá, de novo! Há uma possibilidade! Muita coisa boa acontece. Há muita gente boa tentando, querendo! Há muita criança e jovem merecendo nossa atenção, nosso melhor. Mas por favor! Vamos amadurecer! Respeitar e cumprir leis (no mínimo) para que eles tenham referências boas e no seu momento, acompanhar, julgar, escolher e votar com liberdade e consciência; num clima de disputa saudável, sem pressão, terrorismo, armações, hipocrisias, como este que ainda vivemos hoje, em pleno século XXI! Será que acreditar e batalhar por isto ainda é romantismo?

 

0 comentários:


Minha foto
2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

Arquivo do blog