Descobrindo a poesia

- Hoje eu trouxe poesias para lermos e trabalharmos. Mas antes, vamos pensar um pouquinho... quando eu falo poesia, o que vocês pensam que é? 
Uma porção de olhos faiscou por um momento e logo dedos erguidos disputavam a vez com falas ansiosas:
- É um texto!
- Coisas que rimam...
- Palavras que rimam! – corrigiu outro.
- São canções ... – disse uma menina.
- São palavras bonitas que rimam! – concluiu outra, tranquilamente.
E se voltaram para mim. Quem tinha acertado? Eu disse que todos! Mas não aprofundei muito, porque isto virá com o tempo; cada um descobrindo a partir dos experimentos. Apenas disse que a poesia pode ter, mas não obrigatoriamente, rimas. Desenhei uns olhos muito grandes, no quadro. (Alguns acharam que era um relógio e eu ri! Isto é porque sou expert em desenho!!!!) Mas eu também estava rindo de alegria,  orgulhosa deles! Tão atentos, inteligentes, sensíveis! Expliquei que assim são os olhos dos poetas e poetisas: grandes! Muito mais por dentro do que por fora. Com eles olham o mundo e veem o que muitos não veem. Olham mesmo, não apenas passam pelas coisas! E expressam o que veem, traduzindo os seus e também nossos sentimentos, de jeitos muito singulares. Lemos então poesias de Cecília Meireles, Vinicius de Morais e Mario Quintana para ilustrar o que eu dissera. Gostaram tanto! Como sempre, a maioria com algo a dizer, associar,  instantaneamente! Palavras jorrando o tempo todo! Característica da idade. Ainda bem! Outros mais recatados, demonstrando a curiosidade com os olhos brilhantes; vibrando com a fala dos colegas! Então eu os desafiei a produzir poesia. Não precisei insistir. Escreviam e vinham me mostrar... e queriam saber se podiam ilustrar... uma delícia observar! Uma delícia o clima de produção, de interesse... de prazer neste fazer: encontrar as palavras e vê-las se buscando, interagindo e dando espaço, formas, sons, cores, vida e liberdade aos nossos pensamentos e sentimentos!  E é isto que dizem os poetas de fato, a todos nós, que amamos a poesia:

 “palavras....
quanto   mais   se   brinca
com   elas
mais   novas    ficam”...
José Paulo Paes

Um  dia
eu dei pra transformar
coisa curta:
transformava uma dor
em vírgula;
virava um alívio
em ponto de exclamação;
transformava uma esperança
em interrogação.
Gostei.
Me senti meio
feiticeira.
Achei tão bom
poder transformar
o que eu sentia
em história
que eu resolvi que
era assim que
queria viver:
transformando.
Foi por isto
que eu me virei 
 em escritora”.
Lygia Bojunga Nunes


“Se pudéssemos plantar palavras
como se planta uma árvore,
tantos frutos invisíveis
contido sem seu silêncio,
tanta sombra ao meio-dia
em seu futuro”...
         Roseana Murray

 

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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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