De como as coisas se tornam grandes...

     Quando fomos, de madrugadinha, para o teatro, para preparar a festa de final de ano, da escola, que aconteceria no “meio da manhã”, a topic estava toda arrumada,  cada coisa no seu devido lugar: fantasias dobradas nas caixas, “árvores de Natal” (interpretações singulares) enfeitadas e cuidadosamente ajeitadas para nada cair ou amassar; lembrancinhas e mensagens em arranjos caprichosos e extremamente encaixadas em suportes, para nada estragar e, mais  panos, tules, TNT, enfeites... Topic cheia! Tudo certinho, organizado, silencioso. E tenso. Em expectativa; naquele silêncio ansioso e barulhento, dentro (!). Quando voltamos, ao meio dia, tudo revolucionado! Topic cheia! Muitas coisas não voltaram, mas o volume era outro! A organização era outra! Tudo volumoso; sem que a gente pudesse dobrar e deixar do mesmo jeito que estavam durante a “ida”. Tudo acrescido de vida! De energia, de alegria! Ressignificados: todos os objetos! Pela presença, pelo uso, pelo contato com as pessoas: crianças, pais, familiares, amigos, professores... acrescidos de movimento, do riso, lágrimas, preocupação, relaxamento, alívio, canto, saudade, dever cumprido, crítica, gratidão, emoção, música, alegria, despedida, arte, sensibilidade, beleza, simplicidade, encontro, partilha, profundidade, singeleza, construção, afeto, muito afeto! O que sinaliza um quintal, no final do dia, cheio de brinquedos espalhados, areia revolvida, esteirinhas espalhadas?! Uma cama desarrumada, pela manhã?! Uma sala de aula com as carteiras espalhadas, lápis, borrachas, canetinhas, giz de cera, brinquedos, lancheiras,  mochilas, recortes, tesouras, colas, pincéis,  ali e, textos, mapas, dicionários, livros, jornais, revistas e gibis aqui; tabuadas, desenhos, numerais, aparelho de som lá... muita conversa e trocas e ajudas, acolá?! E uma casa onde os objetos teimam em sair e trocar de lugar; farelos e papéis aparecem “misteriosamente, aqui e ali?! Será tudo sinônimo de desordem, desorganização? Preguiça? Má vontade? Em alguns contextos, sim. Mas, em outros, é somente  sinal de que a vida passou por ali, pessoas sonharam,  se encontraram, interagiram entre si e com o espaço, os objetos e, que ali há tempo e lugar para exercitar e experienciar com paciência a liberdade, os erros e os acertos, a conversa, a alegria, o afeto, o amor. Isto é grande! Ocupa um espaço imenso dentro da gente e também fora. Alimenta. Que bom ver e viver isto! E ter os hiatos para degustar e descansar, já de olho no recomeçar, logo ali.

 

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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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