Faxina

Remexer nos guardados, fazer faxina... Eu gosto. Atualizo tantas coisas. Especialmente remexer nos papéis... tantos escritos! Meus e os que recebo dos outros. Remexer é como olhar um álbum de fotografias impressas na memória dos sentidos, chamá-las outra vez à vida! Tudo que tenho guardado é bom. Especial ter vivido. Por vezes, algo mais crítico, amadurecido dentro de mim, no momento, julga piegas, tolo, infantil, ideias e sentimentos registrados  lá no pretérito, nem sempre tão distante. Mas logo, outra parte mais justa, também dentro de mim, pondera que aquilo que está ali, sou eu! Eu naquele momento, verdadeira! Sem máscaras. Não como gostaria de ser, nem como outros gostariam que fosse, ou como poderia ter sido. Sou eu como podia ser naquele momento. Não mais talvez como sou agora; mas como sentia e compreendia naquele preciso e precioso instante. Tenho carinho pelo que passou. Meus equívocos ficaram lá, também importantes. Passar e pagar por eles abriu a possibilidade de criar, aprender, me adaptar e respeitar. O bom é que os acertos, em percepções e ações foram tantos! Amadureceram comigo, no meu ritmo, ou não. Algo ainda precisa de mais tempo para processar, lapidar; como as faltas, as rejeições, as perdas. Mas quanto carinho! Quanto carinho! Meu baú está cheio, transborda e me inspira! Conversava com meu filho  sobre isto de ficar na defensiva em relação aos outros, por causa de atitudes anteriores. Ele falava que sua experiência era de que na maioria absoluta das vezes, as pessoas repetem as ações e “pisam na bola” outra vez, e que por isto ele não acredita e não espera mudanças; fica prevenido; uma parte sempre desconfiando do outro. De minha parte, reafirmei acreditar  nas coisas boas:  nas minhas e nas dos outros. Já “pisei na bola” em relação aos outros e já “pisaram na bola” comigo; mas mesmo que isto, num balanço, se configure realmente como maioria; as vezes em que valeu a pena acreditar, confiar, foram tão significativas e maravilhosas que mesmo minoria, superam todas as outras em grandeza, alcance, importância, resultado e marcas. Vale, ainda,  acreditar e esperar o melhor de cada um, inclusive o meu! Os medos, as limitações, as raivas, as mágoas, as impossibilidades, aprendi, na análise, a nomear, transformar em palavras que vão, no tempo que cada uma precisa, se acomodando nas minhas linhas e entrelinhas, com sossego. Quanto mais os sentimentos e pensamento se expressam, mais claros, depurados e livres! Bom faxinar, remexer, arejar e prosseguir com bagagem mais leve e essencial; sem  pesos, excessos e supérfluos impedindo ou limitando trajetos, encontros e reencontros.

 

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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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