Eu te amo!

                                                                                                                                                                                                                                                                   
Percebo, sem disfarçar meu encanto, a facilidade com que os jovens dizem: “eu te amo”! Se eles gostam de alguém, lá vai o “eu te amo” com a maior espontaneidade. Vejo estas declarações nas redes sociais e nas interlocuções, nos encontros cotidianos, não importando, gênero, número, nem o grau da relação. Acho lindo, arrojado, corajoso este assumir o sentimento, dentro e fora. Fantástico esta palavra saindo como numa pauta, cheia de sons, cores, harmonia e beleza. Constato que todos sabem exatamente o que significa “eu te amo” em cada relação. Para mim, o “eu te amo” ficou enquadrado na categoria das coisas especiais, quase que sagradas; num pedestal, num altar, distante; que se acessa poucas vezes, com muito merecimento e que se diz para pouquíssimos, aqueles seres também raros que entram na vida da gente por felicidade suprema! O “eu te amo” ficou para mim como a roupa domingueira, de “antigamente”; que não se usava todos os dias, só em ocasiões especiais; festas e passeios dominicais e que se cuidava com extremoso carinho, para não estragar, não sujar; para poupar e durar. E desejei dizer tantos “eu te amo”! Tantos! Tantos! E não disse por temer que fossem passageiros (e o amor, para mim, teve sempre esta conotação de “para sempre”) ou que pudesse banalizá-lo, ou que fosse não fosse lícito ou que pudesse causar constrangimento e o pior, rejeição. Lamento ter crescido num contexto contido, cheio de “senões”, preconceitos que conflituam, até hoje, com minha alma, meus sentimentos, que querem expressar amor a todo momento. E, mais ainda, por não ter conseguido libertar-me destas amarras que internalizaram o meu verbo. Meu ser rejubila quando ouço um “eu te amo”, independente de quem o diga e para quem diga! Importa dizer, importa ouvir e perceber as conseqüências que este mantra provoca em quem diz e em quem ouve. Importa o momento. Esperar uma vida inteira para dizer ou ouvir um “eu te amo” que se encaixe nas expectativas mais acalentadas, não sei se vale a pena. Mas quanta diferença produz ou provoca dizê-lo todos os dias, com todas as letras! Mesmo que seja apenas do momento... não é feita de momentos a vida? Assim como para alguns, como para mim, ficou difícil pronunciar; para outros, talvez fácil demais e por isto, a expressão tenha se desgastado, generalizado, perdido o encanto. Dizem e, parece mesmo, que tudo que generaliza, perde a importância; tudo que é fácil não é valorizado. Eu não sei mais. O que sei, agora, é que tudo pode ser relativizado. Que as pessoas são singulares; cada uma tem um jeito de sentir, interpretar e expressar. O amor, sendo vital, deve ser expressado, dito, sem reservas, medo ou censura. Eu disse e digo “eu te amo” de infinitos jeitos para todos que amei e amo. Mas não sei se fui, se sou entendida. Muitas vezes escrevi linhas e páginas; fiz isto e mais aquilo; quando o que queria dizer era somente “eu te amo”. Hoje, acordo feliz! Vejo minha palavra tardia nascendo, saindo de minha boca com maciez e gostosura!  Liberta, se deleita e acompanha a partitura extraordinária da manhã, exibida repetidamente pela passarada ao meu redor e vai aos  quatro cantos do meu mundo, se mostrando, como o sol que nasce e doura lentamente os morros, as copas das árvores... até tocar o cantinho mais escondido da floresta. Eu te amo!

 

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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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