Moranguinho, peixe e sol radiante




          Vagarosamente o dia vestiu-se de muita beleza! Cedo, houve um movimento inusitado na floresta ao redor; agitação, cantoria. Maria também chegou cedinho, para passar o dia. Chegou rindo, olhos brilhando. Na medida que conhece e explora o contexto, descobre coisas interessantes.  Agora descobriu o lago. Gosta de ver os peixes; de alimentá-los com a ração, que pega do potinho, organizado pelo vovô e joga na água. 
Os peixes, atraídos pelo cheiro da ração, chegam à superfície, de todos os tamanhos e até mesmo os coloridos, que não se vê de outro modo. Ela fica exultante! Depois de alimentá-los, gosta que o vovô, usando o mesmo potinho, pegue  alguns peixinhos do lago. Ela segura, então, o pote nas mãozinhas, olha e vira. Adora ver a água cair, respingar e os peixinhos sumirem, novamente, no lago...
E solicita e repete e repete o mesmo movimento, sem cansar.  Cansam o vovô e a vovó, mas ela, não! 

          Na ponte, agora, temos potes com moranguinhos! O que é isto? Estas coisinhas que vão ficando vermelhinhas e se escondem atrás das folhas verdes? Então, Maria reveza.
Vai à ponte, colher os moranguinhos. Coisa fofa! A vovó vai ensinando que só pode pegar aqueles bem madurinhos, bem vermelhinhos. Ela entende. Muitas vezes precisa de ajuda, pois o talinho é firme.
O problema é que quer jogar os  moranguinhos para os peixes, também! Precisa aprender que são para ela, vovó e o vovô comer... mas isto faz parte de um aprendizado longo. A vida vai se apresentando a ela tão rica, tão convocativa... que precisa de um tempo para aprender e processar cada coisa, sua função, seu valor, cuidados... Tão bom vê-la aprender, descobrir! Tão essencialmente bom  reaprender, redescobrir através dos olhinhos dela! Agora temos um tipo de paciência e olhar, que na juventude não tínhamos. Acho que esta é a beleza e a surpresa que o envelhecer nos reserva. Houve, um momento, especial, na manhã dourada, de sol radiante, quando a pequena, espontânea e amorosa, já cansadinha, "escoradinha" na vovó e no vovô, diante do lago, deu um beijinho no vovô e disse “bigado”; deixando-nos totalmente sem ação e profundamente emocionados! Há presente e afago ao coração melhor do que este?

 

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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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