32 - Lá dos "pagos"....

          Não foi sempre assim, mesmo sendo gaúcha; porém, já há algum tempo, favorecida pelo contexto, aprendi a ouvir e gostar e, mais, apreciar com deleite; melodias tradicionalistas e nativistas (elas têm suas diferenças, que ficam para quem se ocupa disto)! Belas poesias! Lindos jeitos, fundos jeitos de interpretar e traduzir o movimento da vida. Mergulhar na essência de algumas delas é deixar emergir, dentro, a alma rebelde, errante, apaixonada dos homens dos pampas; amantes da natureza, das grandes causas, da liberdade de pensar, sentir e interagir! Partilho, não as melodias na íntegra (quem ouvir, vai gostar), mas alguns versos das mesmas, que adoro ler, ouvir, pensar neles... belas construções de palavras numa linguagem peculiar, envolvendo sentimentos, imagens, que evocam a interação amorosa e intensa entre o homem e o seu contexto; a profunda consciência de ser solitário numa solidão preenchida por tudo aquilo que está ao seu redor e que ele valora.

“Meus desassossegos sentam na varanda,
pra matear saudade nesta solidão,
cada por de sol, dói feito uma brasa,
queimando lembranças, no meu coração”.
(João Chagas Leite)

“A primeira vez que eu vi você,
senti no teu olhar a luz do entardecer,
aprendi sonhar antes de adormecer,
e a vida foi chegando de uma vez...”
(Elton Saldanha)


“Atirei as boleadeiras
contra a noite que surgia
noite adentro entre as estrelas
se tornaram Três Marias”
(Luiz Coronel E Airton Pimentel)


“Me orgulho em ser serrano
pisador de geada fria
domador de ventania
para-peito pro Minuano”
(Serranos cantam)


“Quando as almas perdidas se encontram
machucadas pelo desprazer
um aceno, um riso apenas
dá vontade da gente viver
são os velhos mistérios da vida
rebenqueados pelo dia a dia
já cansados de tanta tristeza
vão em busca de nova alegria”.
(Serranos)


“Poncho molhado olhar na tropa e no horizonte
vai o tropeiro devagar estrada afora
a chuva encharca que está chovendo desde anteontem
dói dentro d'alma essa demora
Irmão do gado ele se sente nessa hora
e o seu destino também vai nesse reponte
igual a tropa nesse tranco estrada afora
sempre encharcado de horizontes”
(José Hilario e Ewerton Ferreira)


“Cantamos que a vida passa
como chuva de verão”.
(Noel Guarany)













 

1 comentários:

Rô disse...

Concordo, eu tbém não era assim, aprendi a ouvir, gostar e interpretar.
Ouça essa que linda!!!
http://www.youtube.com/watch?v=BIrA1-GmsI4
bjus


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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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