Brigite, Lola e o gambá

         
          
          Um dia qualquer, no meio da tarde...
          ... as galinhas chegaram! Duas, pequenas ainda, de penas avermelhadas: Brigite e Lola.  Foram para o galinheiro improvisado. Ah! Tão lindinhas! Quem sabe, mais tarde, um galo, para cantar de madrugada... coisa linda que é o canto do galo, de manhãzinha! Tarde da noite, do mesmo dia, um cacarejar angustiante acordou todo mundo, na casa. Algo acontecia no galinheiro. As sombras das criaturas da mata ao redor, envolviam a noite e conferiam ao ambiente, um clima de suspense, de pavor. À luz da lanterna, o gambá foi flagrado com uma das galinhas presa pelo pescoço!  Lá se foi a  Brigite, seqüestrada pelo gambá  desgraçado! Ai que dor! Impotência total.
        Um outro dia qualquer, pela manhã...
... novo galinheiro e uma nova galinha: Brigite II.  O tempo passa e as  duas galinhas crescem e estreitam laços. De dia saem do galinheiro e  andam de cá para lá, ciscando sem cansar. Nada escapa aos seus bicos insaciáveis. No final da tarde, são recolhidas ao galinheiro, agora bem fechado. Neste dia, porém, uma surpresa! Quem estava dentro do galinheiro, aboletado no poleiro, só esperando as galinhas entrar para começar  a festa? O gambá! Ah! Mas desta vez, não senhor! Foi flagrado antes! O tiro saiu pela culatra. Não iria, de jeito nenhum, se refestelar com mais uma galinha! E saiu corrido a vassouradas, do galinheiro!
        Num outro dia, muito depois destes...
           ... novo hóspede  chega ao galinheiro: o tão sonhado galo! Mas ainda um  galinho pequeno; franguinho. Ah! As galinhas gostaram e passaram a cuidar dele, tão pequenino! Branquinho! Porém, a faceirice e todos os planos de futuro acabaram quando o dia nasceu. O galinho amanheceu desnucado, pescoço  caído, mole, ao lado da cabeça!. Brigite e Lola inconsoláveis, feito baratas tontas, andando de lá para cá, cacarejando, atônitas... Também! Com toda a certeza, presenciaram o ataque... Mas quem fez? Tudo aponta para o gambá. Pelo menos, ele não pode levar o galinho com ele. Bem feito! Agora chega desta ideia de aumentar a família galinácea ! Ah! Se a gente pega este gambá...
        Bem mais adiante, em outro mês e dia qualquer...
... Brigite e Lola estão crescidas, fortes. As penas avermelhadas muito brilhantes. O quintal disponível para elas está pequeno e avançam fronteiras, buscando novos horizontes; empoleirando-se na casinha de boneca da menina ou querendo meter-se, xeretar nos domínios dos gatos, na soleira da porta e das janelas da casa. Os gatos parecem não gostar, num primeiro momento; mas deixam pra lá; afinal, as galinhas são simpáticas e eles estão a fim de dormir. O verão se insinua e as tardes quentes acordam os lagartos, que até ontem, hibernavam, não se sabe onde. Eles vêm com fome e disputam com as galinhas o espaço e a comida. Partilham bem, sem stress.
Mas quem ainda não aprendeu, precisa aprender que confiança demais, é pecado, perdição. E o gambá voltou! De madrugada ouviu-se a cacarejada forte, que acordou todo mundo novamente. Mas onde estaria o dito cujo, se o galinheiro estava bem trancado? O barulho, dentro do galinheiro, era forte. Quando a porta foi aberta, a lanterna mostrou o safado, encurralado, num canto do galinheiro e as duas galinhas se defendendo bravamente! Vassouradas correram com ele. Mas o enigma ficou: como teria o gambá entrado no galinheiro? Será que tudo se explica pela máxima de que atrás de uma galinha tonta, sempre haverá um gambá safado? Acho que não! Acho que temos, agora, um gambá safado e duas galinhas nada tontas; muito pelo contrário!

 

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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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