O ovo

Ontem observamos que Brigite estava ansiosa, procurando os cantinhos. Eu a encontrei escondidinha na lavanderia; mas ali não era lugar de ficar e fiz com que voltasse para o terreiro, onde ficou cacarejando o tempo todo. Meu marido, entendedor do assunto, supôs que ela queria pôr um ovo e providenciou uma caixa com palhinhas. Então Brigite e a caixa foram para dentro do galinheiro, junto com a Lola, colega da Brigite. E o silêncio se fez, tanto no galinheiro como nos arredores.
Hoje pela manhã, a bela surpresa: um ovo!
Ai, que coisa linda!
E daí que uma galinha botou um ovo!
É que o ovo é da nossa Brigite, nossa galinha. Que vimos crescer. Que alimentamos todos os dias. Cuidamos. Nos envolvemos com ela. Protegemos... pelo menos, tentamos. Criamos vínculo.
 Em todos os “reinos”: por mais que a gente ame, cuide, se importe e lute; sempre há algo que escapa. Algo do qual não damos conta. Algo ao qual temos que nos dobrar, curvar. Algo diante do qual somos impotentes, míseros, indefesos. É limitação, descuido, carma, destino? O que for. Mas escapa. A gente não dá conta. A gente perde. E a gente pena e paga. E a gente se põe a pensar: por quê? E, num segundo momento: o que preciso\posso aprender?
Ao mesmo tempo: os presentes! Um sorriso, um abraço, um carinho, uma lembrança, uma conquista, um ovo! Geralmente quando e de onde menos se espera! E isto vem e nos envolve, conforta, engrandece, emociona e humaniza.  Impulsiona. É merecimento, dharma, sorte? O que for. A gente ganha. E, às vezes não dá conta de tanta alegria, felicidade! E a gente se põe a pensar: por que não é sempre assim?



 

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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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